terça-feira, 10 de junho de 2014

COLUNA ENSAIO GERAL: IVAN CRESPO



       Em uma quarta-feira, dia 11 de dezembro de 2013, falecia em Recife Ivan Crespo (O Gordo). A história de Ivan se confunde com a história, política, social e econômica de nossa cidade.
       As 16 anos viu seu pai morrer num ataque fulminante de coração, e teve de assumir sozinho o comando da família. Para supressa de todos, Ivan se tornou um homem de responsabilidade e levou a sua família a um status social e financeiro dos mais altos em nossa cidade.
       Ivan era um jovem com condições melhores que os outros jovens, o melhor carro, a melhor roupa etc.
       Ivan sempre foi um bom bebedor, tomava Uísque como quem toma água, colocava a dose e fazia-a descer de goela abaixo o precioso liquido.Digo sem medo de errar “ninguém em nossa cidade, bebeu mais Uísque que Ivan”.
       Ivan fumou até perto de morrer, sabia que fazia mal, mas o vício era mais forte que ele, e sem dúvida foi o fator determinante para sua morte.
       Foram 75 anos vividos exclusivamente em nossa cidade, ele amava a nossa cidade e só queria o melhor para ela, e isto foi um fator determinante para o reconhecimento de todos os bom-conselhenses como sendo ele um dos mais importantes habitantes de nossa cidade no século xx.

       Ivan era muito vaidoso, e como empreendedor ele se destacava, foi assim quando assumiu o comando da LOJA MAÇONICA “SEGREDO E CARIDADE”.
       Ivan com força e presença de espírito fez o maior bingo que nossa cidade já viu, e com isto conseguiu arrecadar o dinheiro para erguer o PALÁCIO da loja maçônica (um dos melhores do Brasil).
       Ivan, juntamente com sua Irmã Ivete colocaram uma das melhores lojas de variedade que nossa cidade já teve o “MINI CENTER”, em seguida colocou uma grande loja de material de construção o “CONSTRUCENTER”, além de ter a melhor farmácia de nossa cidade a “DROGARIA CRESPO”.
       Ivan, então resolve dar um passo maior, foi ao BANCO DO NORDESTE e contraiu empréstimo para a implantação em nossa cidade de uma grande fábrica de doce a “ISCALI”.
       Ivan começa a fábrica, com capital próprio,    pois o dinheiro do banco estava chegando a conta-gotas, e ele enterrando seu capital na fábrica, em pouco tempo tinha descapitalizado o CONSTRUCENTE depois a DROGARIA, quando terminou a fábrica estava endividado e o dinheiro do banco mal dava para começar a funcionar, ainda funcionou um tempo, e, diga-se de passagem, era um doce de primeira qualidade, porém com o capital pouco, terminou fechando as portas e ficou uma grande dívida e também parte do seu patrimônio empenhado no banco do nordeste.Posso dizer que Ivan começou a morrer ali, pois tinha patrimônio mais não tinha renda.
       Por muitos anos no São João ele fazia uma grande fogueira na Praça Dom Pedro II, era uma atração à fogueira de Ivan.Durante os festejos juninos descarregava junto com outros homens o seu bacamarte.
       Embora gordo “Ivan dançava com uma leveza extraordinária” e toda jovem da sua época queria dançar com ele, pois ele era um exímio dançarino, sem sombra de dúvida o melhor dançarino de salão que nossa cidade já teve.
       Ivan tinha uma raiva tremenda da família Tenório, e por capricho da natureza ele casou com uma Tenório (Sônia filha de Dezuito Tenório) e seus cinco filhos são Tenório.
       Durante o carnaval era ele quem carregava o funil da TURMA DO FUNIL.
       Tivemos durante nossa vida, vários arranca-rabos. Ele na sua santa ignorância e arrogância, querendo mandar em tudo e eu na minha teimosia, batemos de frente muitas vezes. Somente quando ele ficou já de idade e caiu um pouco mais a sua arrogância é que nós começamos a nos entender. Toda tarde sentávamos no banco que fica em frente ao meu estabelecimento comercial e ali íamos falar da vida alheia.
       Com sua morte, nossa cidade e o nosso comércio ficou mais vazio.
       No último sábado dia 31 de maio de 2014, fechava as portas a mais antiga farmácia de nossa cidade a “DROGARIA CRESPO” encerrando mais de 60 anos de atividade no ramo dos remédios.
       

Um comentário:

  1. Lembro-me como se tivesse sido ontem. Aos meus 15 anos de idade, mais precisamente no ano de 1985 em busca do meu 1º emprego, começo a trabalhar em fase de teste na referida loja "mine center" sob a administração de Sônia e Ivete Crespo. Foi ali ao lado da Drogaria Crespo onde hoje funciona uma casa de balas e doces. Trabalhei até final de janeiro de 1988 quando agora já com 18 anos completos e concluído o 2º grau pedi demissão para aventurar-me pelo Estado de Minas Gerais. Voltando em 1990 e desempregado, recebo um convite para retornar e ajudar a dar início a uma loja de material de Construção - "Construcenter"- assim era chamada aquela loja. Por fim fiquei trabalhando com seu Ivan até Junho de 1993 quando encerrei minhas atividades de balconista no comércio de Bom Conselho para iniciar na função de Técnico em eletrônica até então. Passaram-se 21 anos completados nesse mês de junho. Ficaram as lembranças e as lições. Continuaram as amizades e o reconhecimento de gratidão pelo tempo que trabalhei com a família crespo.

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