quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Padre Marcelo Fala Sobre Vida Pública e Vida Privada.

Muitos comentários foram feitos recentemente a respeito da invasão norte-americana sobre a espionagem ao nosso País. Mais ainda sai matéria de que até o Canadá também entrou na folia da espionagem. A própria instituição da Presidência da República foi alvo de tais espionagens. Para nosso espanto, milhares de brasileiros tiveram suas comunicações copiadas tudo tendo como justificativas para isto o combate ao terrorismo e a segurança nacional dos interessados. Com a descoberta do pré-sal, andam dizendo que tudo não passa de espionagem de interesses econômicos.
Sabemos que não é de hoje que cidadãos têm suas vidas vasculhadas não só pela língua das fofocas mais principalmente pelos órgãos do Estado. O que devemos fazer? Criar medidas de proteção para nossos dados eletrônicos tentando encontrar um modelo mais seguro? Bobagem! Sempre haverá um jeito de invadí-los. Tem gente paga exclusivamente para isto. Mais deixemos isto para os governos decidirem e depois eles mesmo não respeitarem. Fazem sempre isto.
Gostaria de meditar um pouco no nível mais pessoal de nossas vidas porque frequentemente ouvimos histórias, algumas verdadeiras outras não, que denigrem a imagem das pessoas principalmente se ela tiver influencia na Sociedade. Costumamos dizer que nossa vida particular é apenas de nossa responsabilidade ou interesse. É verdade mesmo? Por exemplo, em uma família aquilo que é comportamento dos pais não interessa mesmo aos filhos? Porque então que positivo ou negativo isto influencia na vida da família. Se os pais não estão bem, toda a família sofre.
Vindo para a esfera pública-privada. Nós que somos homens e mulheres formadores de opinião, será que temos mesmo direito a uma vida particular que nos diferencie quando estamos exercendo a função que nos compete dos momentos em que estou de folga? Já ouvi várias vezes afirmarem: “o senhor só é padre na Igreja, aqui fora o senhor é um homem qualquer”. No entanto, qualquer palavra dita ou gesto feito será comentado depois que “o padre disso isto, o padre fez aquilo”. Se eu for visitar alguém no meu dia de folga, a pessoa irá me chamar apenas pelo nome? É possível mesmo separar a pessoa daquilo que ela representa? Creio que não, pois onde encontramos um médico sempre o chamamos de doutor, onde encontramos um policial sempre o vemos como um policial, onde encontramos um politico sempre o trataremos como tal.
Mais creio preciso fazer outra pergunta: quando falamos em vida privada o que entendemos mesmo? É aquela parte do nosso dia onde poderemos fazer coisas que não seriam bem vista pelas pessoas todas, dai escolhemos só algumas de nossa plena confiança para tais atos? Ou será que quando pensamos em vida privada estamos nos referindo a tipos de ações que não seriam aprovadas publicamente? Eis uma questão para ser refletida.
Depois de 14 anos de vida sacerdotal tenho plena consciência de que não sou padre apenas na Igreja, sou em qualquer lugar que estiver, porque se fizer algo de errado dirão que o padre estava dando mal exemplo. Somos o que somos em qualquer lugar que nos encontrarmos. Não adianta um homem público querer justificar seus atos separando sua pessoa daquilo que ela exerça. Nisto entra agora a moral cristã quando afirma que Deus espera de nós um comportamento ético saudável em qualquer ambiente que estejamos. Porque muito mais serio e graves são os juízos de Deus. Quando o povo critica uma pessoa pública por atitudes incorretas a sua pessoa e cargo, ele está pedindo seriedade com quem nos representa. É perceptível a descrença nas instituições em nosso País devido às atitudes daqueles que as representam, seja de nível civil ou religioso em todos os seus ramos. O grande perigo que ronda nossa Sociedade em nosso tempo é a hipocrisia que quer estabelecer uma conduta dúbia dos indivíduos. A regra “faça o que eu digo mais não faça o que eu faço” já não mais corresponde quando queremos ter uma Sociedade melhor. É preciso ensinar aquilo que faço e aquilo que faço, precisa ser em vista do bem comum o que não é fácil em uma Sociedade cada vez mais individualista. Precisamos começar uma mudança de comportamento de cada individuo para termos não uma Sociedade perfeita mais uma Sociedade onde todos os cidadãos caminhem em busca desta perfeição.
Padre Marcelo Protazio.
Pároco da cidade de Bom Conselho.

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